quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Calça 32 em um corpo 42.

Leitor, sabe quando você quer matar algo dentro de você e não consegue? É isso que está acontecendo comigo. Sim, mais um desabafo ridículo, espero que ninguém leia isso. Mas pense, leitor, como seria fácil simplesmente matar nossos sentimentos, e viver ao pé do raciocínio, não se importar com aquilo que sempre atrasa nossos pensamentos e nossa vida. Não, isso não é um desabafo de um fracassado no amor, seria uma coisa muito clichê sofrer por amor ( um certo tipo de amor específico , por um homem ou uma mulher que não te quer, sinceramente, já existe muito desabafo pra isso, sinceramente, é falta do que fazer ficar sofrendo por amor ). Bom, mas não é esse tipo de amor que eu estou sufocando, nesse momento o amor que sufoco é maior do que se possa imaginar, coloquei limites e isso está me trazendo dor... Gostaria que entendesse primeiro, o quê é dor.

Dor é uma interpretação à um estímulo nas terminações livres. Ok, mas o quê é realmente a dor que estou falando. É quando você sente que há algo no seu peito que não é orgânico, e que te incomoda MUITO. É um sentimento insuportável.

Eu não sei se faço bem ou mal em por limites nesse amor, leitor, nesse momento só sei que nada sei. O mais importante de minha vida é a felicidade de poucas pessoas, mais importante até mesmo de que a minha própria felicidade, por isso me permito sofrer. Bom, este é meu recado se hoje, espero que não leiam somente quando eu estiver debaixo da terra. Obrigado.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Nada demais.

Parte II - Obsessões


Júlio acordava e via o irmão dormindo, sorria lentamente e fechava a cortina, seus livros de Biologia estavam espalhados pelo quarto, recolhia-os lentamente e os livros e o colocava encima da mesa. Olhou por um instante o irmão, pensava nas palavras de ontem.
Sentia exatamente o mesmo que o irmão sentia, Mateus se tornara algo vital, só que o amor de Júlio se estendia pelas palavras e atos, Mateus se expressava pelo olhar. Júlio era totalmente ignorante com o irmão, e ele retribuía o mesmo " carinho " mas no final eles sempre acabam se abraçando. Júlio se sentia encarregado de cuidar do irmão, mas se sentia um peso na vida dele. Algo que o preocupada constantemente. Seus pais estavam dormindo pela exaustiva noite de trabalho. Sorria certeiramete pro irmão, ainda inconsciente, como se tentasse ver os sonhos dele.
_ Te amo irmão...
Arruma-se pro colégio, pega sua bolsa rapidamente e vai pro quarto. Abaixa-se e acorda o irmão.
_ Mateus, você tem faculdade. Vai logo.
O corpo de Mateus se move por baixo dos cobertores, Júlio sorri e fecha a porta do quarto, e sai da casa com destino ao colégio médico.
Eram agora 9 horas, Mateus acorda completamente do seu estado beta. Seu humor estava extremamente irritado. Levanta-se com o corpo amassado pela cama e começa a se arrumar para a faculdade.
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2 dias depois... 11 horas
Era noite... a sombra alastra pelo quarto dos irmãos, Mateus se encontra em sua cama dormindo, Júlio estava no chão com vários livros de biologia abertos. Júlio não vestia camisa, seu corpo branco e magro só destacava o tórax desenvolvido pro atividades físicas em sua infância. Algumas gotas vermelhas pingam na janela. Uma faixa verde se forma na visão de Júlio. O livro de biologia começa a ficar turvo. Júlio se levanta e começa a andar errante até que tropeça e cai no chão com força. Revira os olhos lentamente, seu corpo suado começa a perder os movimentos. Até que com um milagre Mateus acorda e salta da cama.
_ Júlio!! - Mateus levanta o irmão e apoia em seus braços, deixando-o parcialmente deitado no chão, limpa parte do suor do rosto do irmão com as próprias mãos, ao sentir a respiração do irmão perto Júlio começa a se acalmar. Os olhos entreabertos de Júlio seguem os olhos assustados de Mateus em um ritmo lento. Mateus passa a mão sobre o rosto do irmão e tira o suor, passa os dedos sobre o lábio, seu rosto é levado por algum tipo de força a se aproximar... o vento frio parece tentar deter o rosto dele, mas nada acontece, os lábios se tocam, um arrepio dos pés a cabeça segue no corpo de Mateus, Júlio aparentemente sem nenhuma reação. Júlio havia entrado em colapso. Estava dormindo nesse momento. Inconsciente. Mateus não sabe o quê fez, só deita o irmão em sua cama e veste-se ligeiramente e se dirige até a varanda.
" O quê eu fiz? "
As ondas do mar ao longe traduziam perfeitamente os pensamentos de Mateus, seus olhos negros olhavam o mar e seus pensamentos iam e chegavam como ondas do mar eternamente em uma sintonia. Mas parecia com um maremoto. Seus pensamentos turvos, seu ato desesperado de tentar salvar o irmão. Algo que talvez fosse contra seu próprio princípio, mas que o fazia sentir bem, e mais unido ao seu irmão. Isso iria devastar toda a família caso soubesse, iriam acusá-los de incesto e pregá-los numa cruz, sentia-se culpado por ter feito isso enquanto o irmão estava inconsciente. Logo, um passo errante se dirige lentamente, Mateus perdido em pensamentos não percebe mais a figura que se aproxima. Um braço frio envolve a cintura de Mateus em um segundo e logo de forma involuntária olha.
_ Irmão!! - Mateus abraça-o com força. Sente o corpo ainda frio de Júlio.
_ Vai vestir um casaco - Júlio sorri.
_ Irmão eu tenho que te falar algo... - Fala Mateus cabisbaixo.
_ Tudo bem... - Os irmãos se dirigem ao quarto, o sorriso de Júlio deixava seu irmão meio sem graça. Seu olhar agora significava mais do quê as próprias palavras...
Enquanto o irmão se veste. Mateus pensa no beijo. Sentiu-se unicamente unido com o irmão. Algo que nem o mais longo dos abraços fizera...
_ Mateus? O quê queria me contar? - Júlio senta ao lado.
_ Eu... bom eu... - Algo o interrompe e o faz abrir os olhos de susto. Um abraço inesperado acontece.
_ Mateus... eu estava inconsciente, não dormindo. No momento em que você me beijou eu ainda estava semi-consciente...
_ Me perdoe... eu não queria te ofender irmão... eu só te sinto mais perto de mim... e eu s... - Algo segura o rosto de Mateus , os lábios se encontram mais uma vez, dessa vez os olhos de Mateus não se fecham, a princípio, nervoso começa a tremer. Mateus
_ Eu quebrei toda a minha cultura por você, não sei o porque disso nem pretendo saber. Mas se isso te faz sentir mais próximo de mim não importa, porque o quê me importa irmão é a sua felicidade. E que nosso laço se fortaleça - Os olhos de Mateus pela primeira vez em sua vida se alagam. Logo ele abraça o irmão longamente.


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Leitor, não julgue isso como incesto, afinal, os irmãos não sentem atração sexual mútua. Entretanto, a ligação é muito forte.

Forte abraço. Unknow Artiste.

A morte

A morte. 08/10/2009

Por quê eu não posso pensar que está simplesmente tudo bem?
Pela primeira ilusória felicidade abro um sorriso
Quando a ilusão acaba percebo que aquilo era só um sonho
E eu penso, que não vou sobreviver
Eu não quero, não vou derramar lágrimas!
Não posso me render a escuridão
Não posso deixar que ela me mate
Posso deixar que minha sanidade se vá
Eu preciso sonhar
E mais uma vez, talvez, sonhar pra nunca mais acordar.

Ainda sonho em ser importante para alguém
Sonho em ser vital
Preciso sonhar que ainda faço diferença
Preciso sonhar que o amor não é em vão

Não posso mais derramar lágrimas!
Por favor tire meus sangue, mas não tire minhas lágrimas
Para que um dia eu ainda possa chorar de felicidade!

O brilho dos meus olhos ficou perdido no espelho.
Que agora só reflete a escuridão dentro de mim
Preciso recuperar o brilho de meus olhos!
Para poder mais uma vez sonhar, e sonhar para nunca mais acordar.

Unknow Artiste.


Desculpe a ausência nesse meio tempo, leitores, eu sei que começar a ler um conto e não saber o final é irritante. Prometo que o terminarei o mais breve possível.

Se alguma alma santa lê essas postagens, o meus mais sinceros agradecimentos

terça-feira, 29 de setembro de 2009

My creation.

Parte I

Nada demais.

Era luar na cidade de Manaus, no Amazonas. As gotículas de chuva incrustavam na copa das árvores frondosas nas avenidas movimentadas e barulhentas da capital. Era uma chuva forte, na verdade, um homem de 17 anos caminha pela cidade usando um casaco , muito molhado por causa da chuva, andava calmamente, tinha olhos verdes que contrastava com o cinza sem graça daquela cidade, os cabelos negros escorriam com a chuva e sua pele pálida se destacava na noite escura, passava a mão nos cabelos como quem se acaricia para livrar de algum mal, chega agora no corredor de um shopping, desejava pegar um atalho para sua casa, o barulho de seu tênis molhado chamava a atenção das pessoas ao redor, porém o garoto não ligava, coloca seu earfone no último volume em um heavy metal e anda pelo corredor sem olhar para o rosto das pessoas. Finalmente o rapaz chega ao outro extremo e sai pela lateral, ainda chovendo o rapaz decide andar lentamente, sabe que se correr se molhará mais. Finalmente chega até um condomínio de classe média. Entra e fala brevemente ao porteiro.
_ Algo pra mim? - Interroga o rapaz.
_ Não senhor - O porteiro faz um sinal negativo.
_ Obrigado - O rapaz cabisbaixo continua até o elevador, tira seu tênis e meia totalmente molhados e vai até a garagem sacudir o excesso de água. Ao terminar o seus pés tremem com a frieza da cerâmica, anda rapidamente até o elevador e espera o mesmo chegar, ao abrir a porta um monte de gente mal humorada sai, o rapaz olha com desprezo todas aquelas pessoas, desiludidas, com raiva do mundo, máquinas de constante trabalho e não sabem diferenciar o aroma de uma noite chuvosa. Para o rapaz o aroma rapaz aquele era um aroma claro, a névoa branca e macia acariciava a pele quente, os olhos ficavam úmidos e se mantinham sempre voltados para a natureza, aquele verde grandioso que se modifica com a refração lenta da luz nas folhas das árvores dando um show de cores aos olhos mais atentos. Entra no elevador e se encosta em sua parede metálica, um ventilador leve já é o suficiente para arrancar um sorriso e um arrepio, os olhos verdes se fecham ao sentir a água deixando sua pele e tirando-o calor. Quando finalmente escuta um som agudo, e a porta se abre, o rapaz tira o casado e sua camisa totalmente molhados e abre a porta de sua casa, não encontra ninguém na sala e logo fecha a porta. A sala era grande, com três sofás e uma televisão, um tapete marrom e uma luminária levemente moderna, uma varanda que dá acesso à uma vista linda, o rapaz se dirige até a varanda e pendura suas roupas. O corpo magro do rapaz é exposto ao vento ta noite e logo começa a tremer, sua calça está mais seca do quê as outras peças de roupa, por isso pôde esperar, o tênis vai direto para a lavanderia que tinha um delicado cheiro de hortelã. A cozinha era grotesca e fria, totalmente tecnológica, era a parte da casa que o rapaz menos gostava.
_ Júlio? - Uma for grave fala baixinho na sala.
" A, finalmente ele perceber " - O rapaz contem o riso.
_ Oi, Mateus... - O rapaz sorri para o irmão.
_ Ainda bem! - O irmão o abraça, a pele quente do irmão o causa um arrepio, logo Mateus sente o frio da pele do irmão.
_ Você veio andando nessa chuva denovo?
_ Eu ... gosto da chuva... - O irmão sorri.
_ Quer ficar doente?
_ Não... eu só queria andar na chuva - Fala Júlio com um olhar intenso.
_ Tudo bem, vá se secar - Mateus vai até a varanda e joga uma toalha.
Júlio caminha agora lentamente até o quarto, fecha a porta e retira sua calça, enrola-se na toalha e procura uma roupa para vestir naquela floresta que era o quarto dos dois irmãos, o quarto era um azul escuro intenso, as duas camas eram médias e paralelas, com um criado-mudo entre elas, um abajur levemente esculpido e pintado com uma tinta dourada quebrava a monotonia da peça, o teto apresentava um enorme ventilador que não fora ligado pelo frio que Júlio estava sentindo, havia uma porta indo para a varanda, porém nunca fora aberta. Mas era uma verdadeira floresta, roupas por todo o lado, cama desarrumada, uma peça de meia no ventilador do teto. Aquilo era o quarto em sua desorganização cronica. Júlio treme , seus olhos verdes seguiam inquietos atrás de alguma peça de roupa. Logo, veste uma bermuda e uma camisa azul-claro. Dobra organizadamente a toalha e sai do quarto.
_ Mateus? - Júlio olha para fora do quarto, se dirigindo até a sala. Anda sorrateiramente até a cozinha, deixa a toalha na lavanderia. Olha desconfiado para todos os cantos e procura o irmão. Chega até a sala.
" Ele deve estar no banh... " Um impulso joga-o até o sofá, sem reação um peso se posta em seu peitoral. Júlio fecha os olhos, mas quando abre vê o rosto do irmão. Olhos negros, igual a seus cabelos, pele parda, aparência completamente diferente de seu irmão, parece que nem tinham saído do mesmo útero. Eles logo se abraças longamente. A relação dele era mais do quê irmãos , eram amigos, seus laços eram fortes e jamais poderiam ser rompidos, cada abraço e cada lágrima fortalecia o laço dos dois, cada encontro de olhares e cada sorriso, cada palavra parecia acariciar seus sentidos, sentia paz quando estava com o irmão. O abraço estava tomado, a alma não habitava mais em dois corpos diferentes. Uma lágrima incrusta no olho de Mateus, depois de 8 longos minutos os dois se separam, com Júlio caindo do sofá.
_ Bom te ver também - Júlio sorri.
_ Senti sua falta - Mateus dava a mão pra o irmão se levantar.
Palavras não eram necessárias, o elo é tão forte que só por pensamento já sabiam o quê fazer. Isso só acontecia teoricamente em gêmeos, mas sempre há exceções não é? . Júlio ama profundamente o irmão, um amor que todos os irmãos deveriam sentir um pelo outro. Júlio não sabia realmente o quê Mateus sentia, mas Mateus falava constantemente que o amava, o quê é verdade, até mais do quê Júlio o ama ou talvez menos, mas era frio, não demonstrava, isso feria muito Júlio, que sempre foi considerado como o diferente da família, extremamente estudioso e organizado, fora convidado pro uma escola medica de Portugal para futuramente estudar na universidade de Coimbra, mas a convocação ainda não chegava. Júlio não sabia mas isso fazia seu irmão chorar constantemente. Mas não demonstrava.
_ Irmão, e a mamãe, o papai? - Pergunta Júlio.
_ Eles ainda estão no plantão - Mateus fala sorrindo.
_ Me acostumei com a ausência deles...
Mateus e Júlio foram acostumados desde criança a cuidarem um do outro. Talvez por isso os dois se amam tanto e de certa forma se completam. São opostos em cada pedaço de sua personalidade.
_ Pode deixar, eu cuido de ti - Fala Júlio sorrindo.
_ Eu sou o mais velho, ok? - Fala Mateus orgulhoso dos seus dezoito anos.
_ Tá, quer cozinhar , velhão? - Fala Júlio irônico.
_ Desculpa, mas se você não cozinhar nada, eu vou morrer de fome.
_ Pode deixar - Júlio sorri.
Em alguns minutos a casa é inundada por um cheiro sem igual, era algo como frango com algum tipo de molho especial, o cheiro deixa a casa totalmente perfumada.
_ Que bom que você aprendeu a cozinhar - Fala Mateus sorrindo.
_ É ? Se eu não tivesse aprendido com o pai nós estaríamos mortos de fome até eles chegarem - Júlio sorri.
_ Vamos logo com o rango, estou morto de fome - Mateus põe os pratos na mesa.
Júlio traz a frigideira até a mesa, mas derruba parte da comida na mesa.
_ Júlio! - Fala Mateus exclamando.
...
Júlio corre para o banheiro cambaleando entre as paredes, uma vertigem forte o atinge, ele se tranca no banheiro e se senta no chão, lacrimejando desesperado até que passe.
_ Júlio! Abre a porta agora! - Fala Mateus batendo violentamente na porta - Júlio, não faz isso comigo!
Júlio começa a chorar.
_ Júlio! ABRE ISSO! - Um soco de Mateus abre a porta violentamente e logo ele se abaixa e abraça o irmão.
_ Tudo bem... eu estou aqui - Mateus enxuga as lágrimas de Júlio.
O abraço de Mateus era uma fortaleza para seu irmão. Ele parava gradativamente de chorar, e coloca o braço envolvendo o troco de seu irmão, e aproxima os dois.
_ Desculpa por ter gritado contigo, desculpa... - Mateus sorri pro irmão.
_ Sem problema a culpa foi minha mesmo...
_ Vamos jantar irmão - Mateus levanta o irmão e o leva até a cozinha apoiado em seu ombro.
Mateus agora não tirava os olhos do irmão, raras vezes seus olhares se encontravam, mas Júlio fez questão de encará-lo por uns minutos, até que Mateus se concentrasse e volte a comer o seu jantar. Os olhos verdes em contrate com o vermelho intenso pelo choro estavam deixando o rosto de Júlio incomum, isso deixava Mateus preocupado, a pele pálida do irmão saia pela camisa e ainda tremia pelo frio, não deixava de ver uma aparência doente em Júlio. Se preocupada, não conseguia mais se imaginar sem o irmão, era como perder um órgão vital e viver através de máquinas pelo resto da vida até que uma alma caridosa venha e desligue os aparelhos e lentamente mergulhe na escuridão, e quem sabe na luz eterna. Mas não gosta de pensar nisso, o irmão estava ali, ele o amava mais do que tudo na vida.
_ Júlio, eu te amo meu irmão. - Fala Mateus em um tom sério.
_ Isso derrepente? Mateus, no quê está pensando? - Júlio o olha sério.
Mateus serra o punho violentamente e aperta a mandíbula. Logo, ele sente uma mão puxar sua cabeça em direção ao irmão, e Júlio beija-lhe a testa.
_ Eu não vou te deixar em paz tão cedo - Júlio sorri.
_ Haha! Nem brinca com isso - Mateus volta a comer.
Ao terminar o jantar os dois rapazes se dirigem até o quarto. Trocam alguns sorrisos e abraços, entre olham-se antes de cair no sono.

Continua

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Dois rios


Noá está deitado na cama com os olhos fechados, tremendo.
- Noá, acorde, vamos isso não tem graça! Irmão !! Acorde! - Lágrimas começam a sair dos olhos do Ron, seus gritos não eram ouvidos pelo irmão.
_ Vamos irmão, não faça isso! - Ron percebe que ainda há movimentos respiratórios.
Logo ele pega o telefone, tremendo, e disca para emergência.
_ Emergência? Por favor, mande uma ambulância urgente para a avenida Grande jardim. Número 102. Tem uma pessoa passando mal aqui.
_ Claro, em um minuto uma ambulância chegará ai!
_ Você vai ficar bom irmão, eu sei que vai - Ron segura o corpo do irmão e o levanta, coloca seu braço sobre o ombro e o carrega com cuidado até a sala, onde o deita no sofá. O corpo de Noá está ficando cada vez mais quente. Logo, escuta-se o som da sirene e a cena vai ficando mais turva.
O movimento da ambulância em altíssima velocidade deixava Ron enjoado, mas estava ao lado do irmão na cabine. Uma enfermeira aparentemente muito experiente acalmava o rapaz que ainda estava em estado de choque.
- Ele vai ficar bem?
- Eu tenho certeza que vai - A enfermeira fala com a voz doce.
- Por favor... eu não posso perdê-lo, é meu irmão - Ron começa novamente a lacrimejar.
- Não se preocupe, nós cuidaremos bem de... - A ambulância para e logo todas as pessoas se movem, a porta abre com violência e o cheiro de hospital invade o lugar, a maca carrega o corpo de Noá até a sala de emergência. Ron corre atrás da maca com velocidade e logo um enfermeiro o barra.
- Senhor, por favor, fique na sala de espera, aqui só pode entrar com diploma - O enfermeiro sorri.
- Mas é meu irmão...
- Mantenha a calma, fique ali por favor - O enfermeiro abre a porta da sala de espera, Ron se senta violentamente no sofá e logo começa a caminhar pela sala. O tempo passa, uma hora, duas horas. Ron está inquieto no sofá, translúcido ainda pelo medo. Olhando compulsivamente para aquela luz vermelha na porta.
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1:22 minutos da madrugada.
A luz apaga, Ron está dormindo com uma revista na mão. O médico toca o braço do rapaz e ele acorta assustado.
- O... e então... como ele esta? Por favor doutor me diga alguma coisa - Ron se aproxima.
- Bom... vou ser o mais sincero possível. Seu amigo teve um AVC, acidente vascular cerebral, ele corre um grande risco, nesse momento ele está em um pseudo-coma. Mas se quiser, já pode vê-lo.
Ron não espera o médico terminar de falar, e logo corre pelo corredor, vê algumas salas vazias, chega ao setor de UTI, alguém o para.
- Senhor, tem que...
- Aqui ó - Ron joga as chaves e a carteira encima da gentil enfermeira, lava as mãos com álcool. A enfermeira entrega uma bata e uma máscara para o rapaz. Ele logo em seguida veste e procura o irmão. Não acha.
- Onde ele está?
- Aquele que acabou de chegar? Ele não está na UTI.
- Graças a Deus, onde ele está?
- Está naquela sala ao lado, é uma sala de vigília, não vai poder ficar muito tempo. Qualquer sinal de alterações vamos ter que levá-lo para UTI, então, aproveite bem seu tempo - A enfermeira sorri.
- Muito obrigado.
Ron sente o cheiro intenso de hospital na sala onde Noá está. Logo um impacto atinge seu corpo, Noá estava deitado na cama respirando com ajuda de alguns aparelhos. Seu braço estava completamente pálido e seu corpo estava coberto por alguns finos panos e uma bata. Porém a sala estava extremamente fria.
- Noá... eu...
Noá estava inerte naquela cama, totalmente imóvel. Ron se senta ao lado dele e segura o braço do irmão.
- Me perdoe... isso é tudo culpa minha! Noá, eu te amo, você é meu irmão, eu nunca mais poderia me imaginar sem você. Por favor não morra, você é essencial, eu te amo... você é meu irmão...
Ron segura os dedos pálidos de Noá e começa a rezar compulsivamente.
O médico entra no momento, coloca a mão sobre o ombro do rapaz.
- Sinto muito, mas as chances dele vir a falecer é enorme...
- Não, não pode ser! Noá - Ron aperta a mão de Noá com muita força - Não pode ser, isso não pode estar acontecendo, não pode - Ron coloca o Rosto contra o peitoral de Noá e sente os fracos batimentos cardíacos.
- Meu irmão, meu único irmão, não pode ser.
O médico cabisbaixo o chama para sair da sala.
- Seu tempo de visita acabou - O médico fala triste.
- Não, por favor... não vou... eu não posso sair do lado... - Algo interrompe, os dedos de Noá começam a se mover.
- Impossível! - O médico arregala os olhos - Isso é impossível, imediatamente, trava a eritropoetina junto com adrenalina! Rápido! - Os enfermeiros afobados começam a procurar em pequenos frascos a combinação correta.
- Ele vai sobreviver!?
O médico coloca uma moeda na ponta dos dedos de Noá, e ele começa a mexê-los.
- O córtex cerebral dele voltou a atividade, mas como? - O médico fala - " É um milagre " ... - O médico contém uma lágrima no canto do olho.
- Rapaz, preciso que saia, entraremos em cirurgia.
- Tu-tudo bem! - Ron sai rapidamente da sala e é guiado para sala de espera.
A espera era infindável, o rosto pálido do Ron coberto por suor não escondia a angustia da espera. Era manhã já, perdera seu estágio, Não se importava mais com nada. O barulho dos carros já era presente, o sol esquentava o negro chão daquela cidade. Ronney estava pensando nos bons momentos que tiveram, quando Noá chegou na cidade, a grande festa que fizeram, filmes, bebida. A tensão do vestibular era imensa. As lembranças eram mais fixas do quê nunca, só pensava em falar com o irmão. Só pensava em reviver todos os bons momentos, só pensava em reencontrar o irmão. Não parava de pensar, de rezar. Suas mãos não paravam de tremer e sua mente não parava de repetir o nome " Deus ". Não sentia fome por passar horas sem comer. A espera agora passou a ser torturante, os enfermeiros passavam por aquela porta e não traziam notícia. Sua voz estava rouca de tanto falar sozinho na sala, havia relido umas 30 vezes a Veja da semana passada, cansado de saber as fofocas inúteis ele se levanta e decide perguntar por seu irmão, quando finamente uma enfermeira o chama.
- Ronney?
- Sim, por favor, alguma notícia boa? - Ron segura a enfermeira fortemente pelos ombros.
- A recuperação da cirurgia ainda vai durar uma hora, por favor tenha paciência, todos os enfermeiros estão comentando sua ansiedade, até que somente eu tive a piedade de vir aqui te contar - A enfermeira sorri.
Ron contem o riso - Obrigado... ele está bem?
- Sim... ele está, mas não sabemos se ele vai acordar, com licença - A enfermeira se retira.
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9:11 Hospital universitário.
Ron estava com as pálpebras pesadas, seu sono estava sendo inevitável.
- Senhor? venha comigo por favor - A enfermeira o leva por uma porta branca, nesse momento uma paz enorme o invade. O seu coração começa a bater mais forte quando vai atravessar a porta branca do hospital. Ele avista Noá acordado, olhando para os pés, acompanhando o movimento dos seus dedos com os olhos. É um exercício biológicos que engenheiros não entenderiam.
- No... - A voz de Ron falha.
- Ei ei... você... Ron... - Noá sorri gentilmente pra ele.
- Graças a Deus... - Fala Ron.
- Ei, não tá esquecendo de nada?
Ron olha para os lados, pra trás, não se toca de nada e fica sem entender.
Logo um tremor e um barulho invade a sala. Noá começa a forçar seus músculos a reagirem, seu abdómen se contrai e ele levanta o tronco, suas pernas são lentamente colocadas para fora da cama. Ron assiste tudo sem saber o quê fazer. Noá pega o suporte do soro e começa a andar lentamente em direção ao irmão. Ron só consegue ficar olhando. Quando chega próximo Noá faz o máximo do esforço e abraça o irmão. Ron não entende aquilo, achava que estava sonhando, mas era real.
- Eu sei o quê você fez por mim... Ron, você é um louco - Noá sorri - Eu te amo meu irmão.
Ron abraça Noá compulsivamente e começa a chorar e a soluçar.
- Ei ei, calma, Ron - Noá sorri e começa a secar as lágrimas do irmão.
- Agora eu vou me deitar antes que meus músculos cheguem ao limite.
Ron o ajuda a deitar. E fica ao lado do irmão o tempo todo, não para de olhar o quão forte Noá foi.
- Eu disse, eu não vou te deixar tão cedo - Fala Noá sorrindo.
- É eu imaginei - Fala Ron.
- Sabe quando eu...
Noá sente a cabeça de Ron deitando-se lentamente encima de seu ombro. A exaustão toma conta do corpo dele, e cai em um sono profundo.
- Muito obrigado. Meu irmão...




FIM

Aos que gostaram, comentem. É um dos meus primeiros contos improvisados. Então sintam-se a vontade para criticar.
Forte abraço.
Unknow Artiste.

Dois Rios

Continuação


Ron se aproxima de Noá.
- Vamos, temos que ir ao médi... - Ron sente uma mão puxar para junto ao corpo de Noá. E logo os dois se abraçam.
- Muito obrigado, eu não poderia ter alguém melhor do quê você para ser meu irmão - Noá sorri.
Ron passa um tempo para acatar a surpresa e logo retribue o abraço, mas a temperatura do corpo do Noá estava muito elevada mesmo Ron com uma camisa de botão anestesiando a temperatura.
- Obrigado Noá... eu - Ron incompleta a frase.
- Você tem que ir à um médico , Noá, vamos, você está ardendo em febre - Ron se preocupa.
- Deixa meu corpo tomar conta disso, a medicina meio que enfraquece o corpo com essas medicações para qualquer dor na unha - Noá sorri.
- Noá ... eu não posso ...
- Eu não vou morrer, Ron, não esquenta... por favor - Noá sorri - Você vai ter que me aturar por muito tempo.
- Seu merda ... - Ron sorri - Então tá, se você morrer a culpa não é minha.
- Traz um pouco de água pra mim, por favor... - Noá sorri - Ajuda a diminuir a febre, diminui a temperatura nos vas...
- Ok eu não quero saber - Ron sai do quarto
Noá faz uma cara emburrada.
Ron corre até a cozinha, abre a geladeira.
- Vasos... ele acha que eu sou um viciado igual a ele na biologia... e essa agora de pegar água? ele que contrate um mordomo - Ron coloca um copo cheio de água e caminha com calma até o quarto. Ele abre a porta com calma mas o copo cai no chão e se quebra.
- NOÁ!!!

Continua amanhã.

Forte abraço aos leitores
Unknow Artiste.
Dois rios

12:23 Ruas de Recife-PE

Ron está pálido, tremendo ainda, sua voz não sai por muito tempo até que Noá percebe.
- Ron, você está bem? - Ron não responde, Noá segura a mão dele e vê que está estremamente frio - Ron, você está bem?
- Sim... eu estou bem, eu só não consigo parar de pensar em todo aquele sangue...
- Minha medula óssea trabalha muito - Noá sorri - Não se culpe irmão... olha, tu vai tomar um milshake enorme pra esquecer - Noá sorri novamente - Mas perai, é cheio de colesterol e lactose... não! vai tomar um suco sem açucar - Noá ri alto - Ah vamos, se anima cara, não foi nada - Noá aperta a mão do irmão.
- Tá, eu vou me animar - Ron sorri.

Eles chegam à um prédio verde, com uma faixada linda. Algo muito barroco.eles descem do carro, Noá está pálido pela perda de sangue, Ron estava lentamente voltando ao normal. O garçon abre a porta e entrega uma ficha a Noá, outra ao Ron. Números 44 e 89 respectivamente. Eles se sentam em uma mesa afastada.
- Então, como foi seu dia? Denovo - Ron sorri.
- Bom... foi ótimo... passei o dia todo tendo aula de anatomia... e um maluco tentou me matar - Noá ri.
- Pára - Ron fica cabisbaixo.
- Deixa de besteira - Noá aproxima a cadeira do irmão e põe o braço sobre seu ombro. Ron inclina a cabeça sobre o ombro do irmão e boceja.
- É, estou com sono, uma pessoa me acordou cedo demais e eu estou morrendo aqui - Ron olha com desdem.
- Ei! não vale! se eu nao tivesse te acordado você estaria dormindo agora! - Noá se sente ofendido.
- É brincadeira, seu besta, vamos almoçar logo antes que eu tenha que voltar pro estágio - Ron sorri.
- Provavelmente só nos veremos à noite, claro, se eu não morrer. - Noá ri, mas sente um impacto suportável em seu rosto.
- Ronney! - Noá fala espantado.
- Não fale mais isso! Você prometeu... se algo acontecer com você... - Ron baixa a cabeça.
- Ah , vem cá, deixa de bobagem você sabe que é besteira, pega logo seu prato - Noá pega um dos pratos finos do restaurante e coloca uma enorme diversidade de verduras. E quando olha pra Ron ele coloca coisas como filé na gordura de porco, churrasco. Noá escosta seu prato e fala perto dele.
- Você quer morrer com tanto ácido graxo no seu sangue? Então coloque isso de volta - Noá sorri e volta a colocar suas verduras.
- Odeio quando ele faz isso - Ron coloca novamente a carne na chapa e vai até as verduras.

- O quê é bom aqui? - Ron pergunta chengando bem perto de Noá.
- Salada, torta de alface, tudo é delicioso - Noá sorri.

- Ok , ok - Ron torce a cara e começa a por arroz integral e uma torta de alface.
- Ó, tem medalhão ali, não é tão calórico como as outras carnes - Noá se dirige para pesar a comida enquando Ron termina de coloar sua comida. Na mesa, os dois comem em silêncio. O cabelo castanho de Noá parecia mais claro à luz daquele dia, Ron olha atentamente para Noá sorrindo e volta a comer.
- Terminei - Noá sorri para Ron, que ainda estava comendo.
- Seu regime acabou não é? - Noá sorri.
- Já não basta as horas que você me faz gastar na bicilheta lá de casa? - Ron fala apático.
- Muito bem então - Noá sorri e começa a assanhar o cabelo do Ron.
- Pára - Ron olha com uma cara feia.
- Olha o irmão aqui carinhoso e o outro fica reclamando, ah, seu chato - Noá emburra.
- Noá , assanhar o cabelo em público é constrangedor não? - Ron sorri.
Ron continua a comer o resto de sua comida, quando percebe que Noá está fazendo alguma coisa com seu braço.
- Noá! O quê é isso!? - Ron puxa a faca da mão de Noá - O quê você pensa que está fazendo!? - As pessoas em volta olham abismadas - Vem! - Ron puxa Noá e vai para uma sala ao lado, a sala de café.
- O quê você pensa que está fazendo? - Ron seca o sangue do pulso de Noá com as mãos.
- Me perdoe Ron... - Noá começa a lacrimejar - Você sabe...
- Noá! Você me prometeu! - Ron segura a faca com força - Não importa se você tem depressão, nós estamos em um bom momento, porque você fez isso? RESPONDA! - Ron dá um tapa forte no rosto de Noá.
- Eu não sei... eu só... - Noá encosta o rosto no ombro do irmão.
- Irmão, por favor, não faça isso, por favor! - Ron abraça Noá.
Noá caminha até a mesa. Ron perde o apetite e paga sua ficha, Noá se dirige em seguida ao caixa e paga por seu almoço. Ambos se dirigem ao carro.

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19:12 Casa dos irmãos, Recife-PE.

Noá está vestindo uma calça verde, sem camisa anda pela casa. Lendo um livro. A aula havia sido extremamente estressante, ele caira no banho assim que chegou, tirar aquele cheiro de formol insuportável. Logo uma voz aveludada grita.
- Tô em casa! - Ron sorri pra o irmão sentado no sofá lendo, ele nem percebe a chegada, então Ron decida dar um susto no irmão. Ele logo entra novamente em casa.
- Noá! Socorro! - Ron entra mancando.

- Ron - Noá corre para segurar Ron.
- Eu quebrei a perna - Ron começa a fazer voz de choro e Noá faz um cara de desdem, logo solta Ron e ele cai no chão .
- Se você tivesse quebrado a perna nem aguentaria estar falando - Noá levanta o irmão novamente.
- Tá, um dia você cai nessa - Ron sorri.
- Vá jantar, eu fiz espaguete - Noá sorri.
Quando chega até a mesa Ron vê os remédios de Noá jogados encima da mesa. Havia tomado muitos.
- Noá, já tomou todos? - Ron pergunta tirando o terno.
- Sim, tomei... Não se preocupe - Noá guarda o livro na prateleira.
Noá senta-se no sofá e liga a tv no Animal Planet, era sua diversão.
- Que coisa chata, Noá, tira disso - Ron senta ao lado de Noá.
- Noá?
Noá está de cabeça baixa, de olhos fechados, Ron toca a pele do irmão e está extremamente fria.
- Noá!!!!
Ron sacode o irmão e começa a tentar sentir o coração.
- Noá!!! - Ron começa a lacrimejar.
- Buh!
- AHHH! - Ron pula pra trás - Não tem grança - Ron sorri.
- Hahahaha! Isso é por tentar me enganar! - Noá sorri, pega o irmão no braço e joga encima do sofá.
- Bom, assista suas inutilidades, tenho que estudar - Noá sorri.
Ao chegar em seu quarto, Noá deita encima de sua cama e fecha os olhos lentamente. Até que pega no sono. Algúm tempo depois, Ron começa a escutar barulhos no quarto, e logo algo quebra. Corre imediatamente para o quarto do irmão e percebe que ele havia dado um soco no abajur ao lado de sua cama e havia ferido a mão, Noá estava suado, com febre.
- " Está doente? " - Ron segura o braço se Noá e tenta acordá-lo - Noá, irmão, acorda! - Quando Noá acorda está com uma incrível dor de cabeça.
- Ron?
- Vamos limpar essa ferida - Ron levanta o corpo do irmão.
- Eu não estou me sentindo bem - Noá leva o braço até a cabeça.
- Vai ver você passou muito tempo na academia e foi ver cadáver ai ficou enjoado ( ? ) - Ron se toca da merda que falou - Tá esquece, vamos pro médico.
- Não precisa, Ron. Acalme-se, logo passará.

Continua.